domingo, 7 de abril de 2013

A Revolução Francesa

      
   Em 1789, eclodiu a revolução que acabou com o poder da nobreza e da monarquia absoluta francesa, representada por Luís XVI. Durante dez anos (1789-1799), os cidadãos franceses tentaram consolidar um novo regime político baseado nos princípios do Iluminismo: tolerância, respeito aos direitos individuais perante o Estado, igualdade diante da lei e participação da vida pública. No entanto, diversos governos se sucederam sem que esses princípios se consolidassem por completo. A Revolução Francesa acabou com o golpe militar de Napoleão e conseguiu difundir pelo mundo idéias que permanecem até hoje como base das atuais democracias. Os ideais burgueses triunfaram a partir de uma revolução tipicamente burguesa, mas que contou com a participação direta das camadas médias e populares. O fim do Antigo Regime na França e a tomada do poder pela burguesia representam o fim dos últimos entraves ao avanço capitalista.

 Antecedentes

 No final do século XVIII, cerca de 98% da população pertence ao Terceiro Estado, que reúne grandes e pequenos burgueses, trabalhadores urbanos e camponeses. Ele arca com os pesados impostos que sustentam o rei, o clero (Primeiro Estado) e a nobreza (Segundo Estado). A população também sofre com os abusos do absolutismo de Luís XVI (1754-1793). A burguesia detém o poder econômico, mas perde as disputas políticas para o clero e a nobreza, que se aliam nas votações - um voto para cada Estado. Estimulada pelos ideais do iluminismo, revolta-se contra a dominação da minoria. A partir de 1786, o país enfrenta uma série de dificuldades econômicas, como a crise da indústria e uma seca que reduz a produção de alimentos. Em 1788, o rei convoca a Assembléia dos Estados Gerais, um ano depois que os nobres, na Assembléia dos Notáveis, se recusam a aceitar medidas contra seus privilégios.


 Os Estados Gerais começam seus trabalhos em maio de 1789, no Palácio de Versalhes. Em junho, a disposição de liquidar o absolutismo e realizar reformas leva a bancada do Terceiro Estado a auto-proclamar-se Assembléia Nacional Constituinte. A população envolve-se, e as revoltas em Paris e no interior, causadas pelo aumento do preço do pão, resultam na Tomada da Bastilha, em 14 de julho, marco inicial da Revolução. Grande parte da nobreza sai do país. Em agosto de 1789, a Constituinte anula os direitos feudais ainda existentes e aprova a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Essa declaração reconhece a igualdade perante a lei, a liberdade de expressão e de consciência, o direito à propriedade privada e a participação dos cidadãos na vida pública mediante a eleição dos seus representantes. Pela primeira vez na França, a soberania - ou seja, o poder de elaborar as leis - era atribuído à nação e não ao rei.. Em setembro de 1791 é finalizada a Constituição, que conserva a Monarquia, mas institui a divisão do poder (Executivo, Legislativo e Judiciário), proclama a igualdade civil e confisca os bens da Igreja.
 A tomada da Bastilha

Girondinos e jacobinos              

A unidade inicial do Terceiro Estado contra o Antigo Regime dá lugar a uma complexa composição partidária, que evolui conforme os vários momentos da revolução. Os girondinos, que se sentam à direita do plenário, representam a alta burguesia, são mais conservadores e combatem a ascensão dos sans-culottes (o povo). Os jacobinos, à esquerda, representam a pequena e média burguesia e buscam ampliar a participação popular no governo. Republicanos radicais são liderados por Robespierre (1758-1794) e apoiados pelos cordeliers, líderes das massas populares de Paris. Os deputados do centro, que oscilam entre jacobinos e girondinos, recebem o apelido de grupo do pântano.

Monarquia constitucional             

Em abril de 1792, os monarquistas patrocinam a declaração de guerra à Áustria, como possibilidade de voltar ao poder. Austríacos e prussianos invadem a França com o apoio secreto de Luís XVI, mas são derrotados pelos populares. Os sans-culottes, liderados por Marat (1743-1793), Robespierre e Danton (1759-1794), assumem o governo. Criam a Comuna de Paris em agosto de 1792 e organizam as guardas nacionais. Radicaliza-se a oposição aos nobres, considerados traidores. Em setembro, o povo invade as prisões e promove execuções em massa.

República jacobina   

Forma-se nova Assembléia, a Convenção, entre 1792 e 1795, para preparar outra Constituição. Os girondinos perdem força, e a maioria fica com os jacobinos, liderados por Robespierre e Saint-Just (1767-1794). Os montanheses, uma facção dos jacobinos, proclamam a República em 20 de setembro de 1792. Luís XVI é guilhotinado em janeiro de 1793. Começa o Período do Terror, que dura de junho de 1793 a julho de 1794. Sob o comando ditatorial de Robespierre são criados o Comitê de Salvação Pública e o Tribunal Revolucionário, encarregado de prender e julgar os traidores. A Comuna aprisiona e guilhotina 22 líderes girondinos e até jacobinos, como Danton e Desmoulins (1760-1794), acusados de conspiração. Poucos meses após a morte de Danton, em julho de 1794 - dia 9 do novo mês Termidor -, Robespierre e Saint-Just também são presos e guilhotinados. Com a execução de Robespierre chega ao fim a supremacia jacobina. Os girondinos, em aliança com o grupo do pântano, instalam no poder a alta burguesia.

 Burguesia no poder

Os clubes jacobinos são fechados e nova Constituição é redigida (1795), instituindo outro governo, o Diretório (1795-1799), que consolida as aspirações da burguesia. Nesse período, o país sofre ameaças externas. Para manter seus privilégios, a burguesia entrega o poder ao general Bonaparte. Este, aproveitando-se das fraquezas do governo, promove um golpe de estado (18-19 Brumário, em 9 e 10 de novembro) e institui um novo regime na França: é o período do Consulado, no qual nomeia a si próprio Cônsul e ganha poderes ditatoriais, instituindo mudanças na Constituição, primeiramente em 1802, quando se torna Cônsul em caráter vitalício. Em seu governo, mostra grande habilidade e talento político, ora tomando medidas despóticas, tendo aniquilado a oposição e restabelecendo a escravidão nas colônias francesas, ora promovendo reformas administrativas e legislativas, sendo exemplo destas últimas o Código Napoleônico, que consolidou os ideais da Revolução.  O Código era um sistema de leis que regulava a propriedade privada e o trabalho. O código não melhorou a posição dos trabalhadores, nem tão pouco das mulheres. Ele dizia expressamente que a mulher devia obedecer ao marido. Para o burguêsela  fazia parte de sua propriedade, tal como o dinheiro no banco e o prédio da fábrica.

  O Período Napoleônico


Em 1804 é proclamado Napoleão I, imperador da França, sob os protestos das monarquias hereditárias européias. Iniciou-se então um período de grande regressão das liberdades conquistadas pela Revolução na França. Napoleão já empreendia uma franca política expansionista. Procurando consolidar sua hegemonia na Europa, combateu uma nova aliança entre a Inglaterra, a Áustria e a Rússia. Venceu as duas últimas na Batalha de Austerlitz em 1805. Cria também a Confederação do Reno, formada por diversos estados da Alemanha. Isto faz com que a Prússia entre em guerra, mas seus exércitos são vencidos por Napoleão. Concede os tronos de Nápoles e da Holanda a José e Luís Bonaparte, seus irmãos, difundindo então o Código Napoleônico por diversos reinos europeus.

Em 1806 determina o Bloqueio Continental contra a Inglaterra, privando esta de relações comerciais com os países do continente. Não atendendo ao Bloqueio Continental, Portugal é conseqüentemente invadido pelos franceses, acarretando a fuga da família real portuguesa ao Brasil e a transferência daquele reino para o território brasileiro. Em 1810, Napoleão separa-se de Josefine para casar-se com Maria Luísa, filha do Imperador da Áustria, que então se alia à França. Em 1812, Napoleão declara guerra à Rússia, que desobedecia ao Bloqueio Continental. Aí ocorre uma grave derrota militar de Napoleão: seus exércitos chegam a invadir Moscou com sucesso, porém encontram a cidade destruída pelo fogo, ao passo em que o rigoroso inverno chegava. Assim, os exércitos de Napoleão não teriam condições de prosseguir em direção a São Petersburgo. Em sua retirada, ocorrem muitas baixas, dadas as condições climáticas severas e a escassez de alimentos e recursos. O declínio de Napoleão e do poderio francês inicia-se neste período, quando a França passa a perder o controle sobre vários territórios, como na derrota em Leipzig, após a qual perderia o domínio sobre a Alemanha, ao passo que surgia uma aliança de toda a Europa contra o poderio francês. A França, por fim, é invadida e, em 30 de março de 1813, o rei da Prússia e o Czar da Rússia conseguem chegar a Paris. Napoleão é forçado a abdicar, posteriormente partindo em exílio para a ilha de Elba.

Na França, ocorre uma tentativa de restauração da dinastia dos Bourbons, porém as notícias do descontentamento geral com o novo regime faz com que Napoleão volte à França, derrotando as tropas enviadas contra ele. De volta ao controle da França, em que permaneceria por apenas cem dias, procura realizar reformas constitucionais e manter a paz, mas diversas nações européias aliadas contra a França não aceitam seu retorno e empreendem novas batalhas. Por fim, Napoleão é finalmente derrotado na famosa Batalha de Waterloo em 18 de junho de 1815, rendendo-se em 15 de julho. Parte em exílio definitivo para a ilha de Santa Helena, onde permaneceria até sua morte em 5 de maio de 1821. Mesmo com a queda do Império Napoleônico, em 1815, e a ameaça de restauração monárquica pelas potências européias vencedoras, a burguesia retoma o controle do governo francês em 1830. O Estado burguês, construído por Napoleão Bonaparte, permanece. Para muitos historiadores, a Revolução Francesa é o auge de um amplo movimento revolucionário que consolida uma sociedade capitalista, liberal e burguesa. Atinge outros países, como a Inglaterra e os EUA, e chega à França com maior violência e ideais mais bem delineados. Os movimentos pela independência da América Espanhola também são reflexos dessas transformações.       

Os princípios da Revolução Francesa podem ser expressos simbolicamente neste slogan: "Liberdade, igualdade, fraternidade". A liberdade dos indivíduos baseia-se na igualdade perante a lei. A fraternidade entre as pessoas só pode existir se houver respeito à liberdade de cada uma e se todas forem tratadas da mesma maneira. Os regimes políticos democráticos de hoje se inspiram nesses mesmos princípios.
 Fonte:?

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