quinta-feira, 15 de agosto de 2013

AS INDEPENDÊNCIAS AMERICANAS


No final do século XVIII, as elites locais se consolidaram em todos os territórios coloniais das Américas. Quanto mais cresciam as economias americanas, maior era a tensão com as metrópoles. Os colonos desejavam a diminuição dos impostos e maior liberdade de comércio, porém as potências coloniais européias não permitiam a concorrência dos territórios americanos
         As independências americanas foram impulsionadas pelas elites coloniais (exceto no Haiti, libertado em conseqüência de uma revolta de escravos). Os Estados Unidos conquistaram a independência em 1776 e os países da América Latina, no princípio do século XIX. Apenas Cuba e Porto Rico continuaram colonizados até 1898.
A Independências das Treze Colônias
            A Inglaterra havia estabelecido treze colônias na costa atlântica da América do Norte, agrupadas sob o nome de Nova Inglaterra. Algumas dessas colônias tiveram grande desenvolvimento econômico. As do sul exportavam tabaco, café e arroz; as do centro, madeira e trigo; as do norte, peixe em conserva e navios. Desenvolveu-se um "comércio triangular" entre essas colônias, a América Central, a África e a Europa. O controle de Londres impedia um crescimento maior, pois o governo inglês temia que essas colônias fossem competir com sua própria economia.
         A imposição de novos impostos e o monopólio do chá irritaram os comerciantes da Nova Inglaterra. Em dezembro de 1773, os norte-americanos de Boston invadiram alguns navios ingleses aportados e lançaram ao mar seu carregamento de chá. O governo britânico reagiu com as "leis intoleráveis". Os colonos organizaram o 1º Congresso Continental de Filadélfia, protestando contra a tributação excessiva. Em 1776, no 2º Congresso, representantes dos treze Estados assinaram a Declaração de Independência, marcando o início da guerra. Depois de cinco anos de combates, os norte-americanos (auxiliados pela França) venceram os ingleses.
         Em 1787, de acordo com os ideais progressistas vindos do Iluminismo,  os Estados recém-independentes enviaram representantes à  Convenção Constitucional de Filadélfia, onde se decidiria a futura  organização do país. A Constituição dos Estados Unidos estabeleceu uma república presidencialista e um modelo federalista, em que cada Estado da União mantinha sua soberania. Esta Constituição garantiu também a separação de poderes e o controle presidencial por parte das Câmaras. Pelo conteúdo democrático, serviu de modelo para todas as constituições modernas.
Texto complementar
Declaração de Independência dos Estados Unidos da América
"Em Congresso, 4 de julho de 1776 . Declaração unânime dos Treze Estados Unidos da América.
Quando, no curso dos acontecimentos humanos, se torna necessário para um povo dissolver o vínculo político que o mantinha ligado a outro, e assumir entre as potências da terra a situação separada e igual a que as leis da natureza e o Deus da natureza lhe dão direito, um decoroso respeito às opiniões da humanidade exige que ele declare as causas que o impelem à separação.
– Consideramos as seguintes verdades evidentes por si mesmas, a saber, que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, entre os quais figuram a vida, a liberdade e a busca da felicidade.– Para assegurar esses direitos, entre os homens se instituem governos, que derivam seus justos poderes do consentimento dos governados.
– Sempre que uma forma de governo se dispõe a destruir essas finalidades, cabe ao povo o direito de alterá-lo ou aboli-lo, e instituir novo governo, assentando seu fundamento sobre tais princípios e organizando seus poderes de tal forma que a ele pareça ter maior probabilidade de alcançar-lhe a segurança e a felicidade (...)
Nós, portanto, representantes dos ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, em congresso geral, reunido, pedindo ao Juiz Supremo do mundo que dê testemunho da retidão das nossas intenções, solenemente publicamos e declaramos, em nome do bom povo destas colônias e pela autoridade que ele nos conferiu, que estas Colônias Unidas são, e por direito devem sê-lo, ESTADOS LIVRES E INDEPENDENTES; que estão liberadas de toda e qualquer Lealdade à coroa britânica, e que toda conexão política entre elas e o Estado da Grã-Bretanha é, e deve ser, totalmente dissolvida; e que, como Estados livres e independentes, elas têm plenos poderes para fazer guerra, concluir a paz, contratar alianças, instituir o comércio e fazer todas as outras leis e coisas que os  Estados independentes têm o direito de fazer.
– E em abono desta declaração, com firme confiança na Proteção da Divina Providência, mutuamente hipotecamos uns aos outros nossas vidas, nossas fortunas e nossa honra sagrada."
A conquista do Oeste no século XIX
Os Estados Unidos foram aos poucos aumentando seu território. O novo país comprou a Louisiana dos franceses, a Flórida dos espanhóis e incorporou o Texas (território mexicano). A partir de 1850, com a febre do ouro, os Estados do Pacífico foram colonizados. Na segunda metade do século XIX, iniciou-se a unificação do território norte-americano mediante a conquista das zonas ocupadas pelos índios.
A Guerra de Secessão
As divergências entre os Estados do Norte (industrializado) e os do Sul (agrário) provocaram a Guerra Civil ou Guerra de Secessão (1861-1865). O Norte, favorecido politicamente no Congresso com a conquista do Oeste, defendia o protecionismo alfandegário e a abolição da escravatura, enquanto os latifundiários do Sul apoiavam o livre comércio e a manutenção da escravidão. A vitória de Abraham Lincoln (do partido republicano) nas eleições de 1860 foi o estopim do conflito, pois o presidente representava as forças capitalistas do Norte. Os estados do Sul proclamaram uma nova União, os Estados Confederados; a escravidão foi abolida e, no final do conflito, o Sul estava devastado e os negros marginalizados. Consolidava-se o capitalismo norte-americano.
A América espanhola
Na América espanhola, o governo da metrópole tornou-se incapaz de controlar a aristocracia local (os criollos). Parte dos colonizadores foi se assentando nos territórios da América, formando uma sociedade de grande dinamismo econômico. Os colonos almejavam o autogoverno para poder comerciar livremente com outros países e aumentar seus benefícios. Influenciados pelos princípios liberais difundidos pela Revolução Francesa, organizaram as  lutas de libertação.
As independências
Animados pela independência dos Estados Unidos e também do Haiti, os latino-americanos se lançaram na luta contra a metrópole. Em 1808, a queda da monarquia espanhola diante de Napoleão animou os patriotas latino-americanos. Uma dezena de sublevações estourou em diferentes pontos do continente, porém a maioria fracassou. A partir de 1817, iniciou-se uma segunda rodada de insurreições que culminou com a independência de quase todos os países.
Simón Bolívar
Simón Bolívar foi um militar e político venezuelano. Filho de uma rica família local, a partir de 1807, engajou-se no movimento de independência. Em 1811, contribuiu para a proclamação dos Estados Unidos da Venezuela. Entretanto, os partidários da independência foram reprimidos após algumas batalhas (em que Bolívar se destacou como militar). O líder do movimento, Francisco de Miranda, foi preso e Simón Bolívar refugiou-se em Cartagena de Índias.Em 1813, Bolívar voltou à Venezuela com uma tropa de guerrilheiros. Conseguiu chegar a Caracas, onde ficou conhecido como "O Libertador". Mesmo tendo derrotado os espanhóis, as classes populares venezuelanas o obrigaram a fugir. Em 1816, porém, voltou à Venezuela e após três anos de guerra conseguiu controlar o país.
Após conseguir o controle da Venezuela, Bolívar empenhou-se em libertar toda a região, pois desejava criar uma Grande Colômbia. Entrando com suas tropas em Bogotá, foi eleito presidente da Colômbia. Com ajuda do general Sucre, libertou o Peru e o Equador. Entretanto, nunca conseguiu realizar seu sonho de ver uma América Latina unida à maneira dos Estados Unidos.
San Martín
José Francisco de San Martín foi um militar argentino criado na Espanha, país onde sempre se sentiu estrangeiro. Ingressou no exército espanhol e combateu em diversas frentes. Voltando à Argentina em 1811, dirigiu um exército independentista que atravessou os Andes para apoiar os revoltosos do Peru e do Chile. Depois de libertar esses dois países, desentendeu-se com Bolívar e deixou a política, partindo para o exílio.

O Haiti

A independência do Haiti, em 1804, contudo, deve ser destacada, no sentido em que foi a única experiência emancipacionista americana a envolver uma questão social, a questão escravista. Nesse país, a luta pela independência confunde-se com a luta pela abolição da escravidão, tomando, num primeiro momento, um conteúdo revolucionário.

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